Desenvolvendo a Percepção Sobre as Questões Ambientais

Profª Mª do Socorro Jeronymo Lima Oliveira
O envolvimento com a questão ambiental exige de nós a compreensão básica sobre esse assunto. Sendo assim, começaremos diferenciando Ecologia de Educação Ambiental (EA), visto que ainda se faz grande confusão acerca desses conceitos.

Ecologia é uma Ciência e Educação Ambiental é um processo. Ecologia estuda as relações entre os seres vivos e destes com o ambiente. A Educação Ambiental utiliza os conhecimentos da Ecologia para interpretar as conseqüências das ações impostas pelo ser humano (ações antrópicas) ao ambiente, tecidas em suas dimensões sociais, econômicas, políticas, culturais, éticas, científicas e tecnológicas. O processo da Educação Ambiental vai além da flora e da fauna.
A EA propõe mudanças profundas no relacionamento do ser humano com o meio ambiente. Busca ampliar a percepção das pessoas de modo que lhes permita compreender como interagem com o meio, como o afetam e são afetados e como podem contribuir para a sua sustentabilidade.
A EA aponta para os principais fatores sociais, econômicos, culturais e éticos que geram pressão no ambiente e conseqüentemente degradação e perda da qualidade de vida. A EA como processo, nos permite compreender a situação vigente e ao mesmo tempo é instrumento para mudança, pois se utiliza de ferramentas educacionais que desperta a percepção acerca das ações individuais e coletivas que desencadeiam os impactos antrópicos negativos, gerando reflexão e possibilidades de mudanças.
Nesse sentido, foi a partir de 1997 com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais no nosso país que a EA, passou a ser um tema transversal, ou seja, deve perpassar por todas as áreas do conhecimento, levando a todos a compreensão da responsabilidade individual e coletiva para com o ambiente que é um espaço de todos e precisa ser preservado para que a vida possa nele permanecer.
É interessante entendermos que o processo de degradação intensivo e agressivo que põe em risco a vida no momento atual, teve início a partir da revolução industrial em meados do século XVIII onde os recursos naturais passaram a sofrer uma grande pressão para o fornecimento de matéria prima utilizada na produção em larga escala dos mais variados produtos que se supunha e ainda se supõe serem necessários para a qualidade da vida humana.
O ser humano passou a produzir uma série de coisas numa escala crescente e drasticamente impactante dos recursos naturais que são finitos. É inegável as facilidades e o conforto que a vida pós revolução industrial trouxe para todos nós, porém grande parte desse conforto beira ao supérfluo, e poderíamos viver muito bem sem muitas das coisas que somos influenciados a adquirir em nome de um bem estar, que termina gerando efeitos adversos em conseqüência da forma como foram produzidos e para onde serão destinados após o uso.
Na nossa sociedade, o entendimento de progresso está sempre associado à produção que gera lucro e que faz rodar a economia das nações. Essa visão puramente mercantilista é nociva e predadora dos recursos e da vida. Faz-se necessário urgentemente um novo olhar e o desenvolvimento de novas posturas e hábitos frente ao ambiente em toda a sua multiplicidade.
Sendo assim o mal estar gerado através das catástrofes ambientais, das injustiças sociais e da submissão dos seres humanos a um sistema excludente e degradante dos recursos naturais, cujo maior objetivo é a produção e o incentivo ao consumo para a obtenção de mais lucros que não são repartidos justamente, precisa ser avaliado e reavaliado por cada um de nós que busca uma verdadeira qualidade de vida.